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Mostrando postagens com o rótulo Histórias de uma vida

A PROMESSA - Minha história começou quando a empresa onde meu pai trabalha construiu uma capela em honra a Nossa Senhora da Conceição. Isso mesmo, quando uma capela foi construída

1º CAPÍTULO - A PROMESSA As histórias das pessoas geralmente começam quando elas nascem. Para algumas pessoas suas histórias começam de verdade quando dão seus primeiros passos sozinhos. Alguns, admitem que suas histórias só começaram quando se formaram na faculdade, ou foram morar sozinhos, ou se casaram, ou ainda iniciaram um grande negócio, mas o fato eh que todos começam suas histórias quando adquirem vida no ventre da mãe. Mas não eu.  Minha história começou quando a empresa onde meu pai trabalha construiu uma Capela em honra a Nossa Senhora da Conceição. Isso mesmo, quando uma capela foi construída. Meus pais se casaram nesta capela e ali fizeram a promessa de ter tantos filhos quantos Deus e Nossa Senhora permitisse. Assim, um ano e quatro meses depois do casamento de meus pais nasceu minha irmã mais velha. Ela era a mais querida, mais paparicada, mais amada. Mas isso durou pouco. Um ano e quatro meses depois nasceu meu irmão mais velho e, minha irmã, perdeu...

O NOSSO BAIRRO - O rio contorna nosso bairro quase fazendo um círculo. O único pedaço que falta, passa as linhas do trem, fazendo do nosso bairro uma quase ilha

3º CAPÍTULO - O NOSSO BAIRRO O bairro que a gente mora eh todo plano. Na verdade a empresa onde meu pai trabalha aterrou todo ele, porque era muito irregular e com grandes crateras por estar na beira do rio. Este nosso bairro foi construído pela empresa onde meu pai trabalha. Não só o bairro, mas todas as casas dele. Este nosso bairro fica um pouco afastado da cidade, e para se chegar até ele tem que atravessar as linhas do trem. Este bairro tem três ruas bem largas e compridas, e são de terra batida. São as Ruas: "R", "M" e "V". Estes nomes representam o nome da empresa onde meu pai trabalha (Rede Mineira de Viação). E quatro travessas mais estreitas que as interligam em quatro pontos, que também são de terra batida. Nosso bairro tem o nome de "Vila Operária". Única casa que fica em uma dessas travessas, na última travessa na verdade, e de fundos para o rio, eh a casa do engenheiro chefe da empresa onde meu pai trabalha. Eh um casar...

A NOSSA CASA - Nossa casa fica na Rua UM, aquela rua onde passa a linha do trem. Por isso chamamos nossa rua de "O Canto da Linha"

4º CAPÍTULO - A NOSSA CASA Nossa casa fica na Rua "R", aquela rua onde passa a linha do trem. Por isso chamamos nossa rua de "O canto da linha". Todas as casas das três ruas são iguais. Todas as casas têm três quartos, sala, copa, cozinha, banheiro no fundo do terreiro da casa e uma coberta na saída da porta da cozinha para o terreiro. Nesta coberta fica o fogão a lenha, igual em todas as casas. Somente nossa casa tem um alpendre na frente da porta de entrada na sala. E somente nossa casa o banheiro fica dentro de casa e não no fundo do terreiro, como as outras casas. Ela tem este alpendre e o banheiro dentro de casa, porque foi construída para um dos engenheiros da empresa onde meu pai trabalha, mas ele não gostou da casa, então passaram a casa para meu pai morar, porque era o funcionário que tinha mais filhos. Todas as casas têm um quintal no fundo que a gente chama de terreiro e um jardim na frente. Nossa casa era como todas as outras. Era, porque ...

UMA CASA PARA VINTE PESSOAS - Parece difícil vinte pessoas morando na mesma casa, mas como os filhos vêm um a um, tornar isso possível fica até fácil

6º CAPÍTULO - UMA CASA PARA VINTE PESSOAS Parece difícil vinte pessoas morando numa mesma casa, mas como os filhos vêm um a um, tornar isso possível fica até fácil. Meus pais tinham o quarto deles. O outro quarto grande tinha quatro camas onde dormiam os meus quatro irmãos mais velhos. Nos outros três quartos que eram menores tinha duas camas cada um. E em cada cama dormia dois irmãos meus. Um na cabeceira e outro nos pés. Meu quinto irmão mais velho dormia numa cama de abrir, que era uma cama de mola que dobrava no meio. Na hora de dormir, ele abria essa cama em um dos quartos entre as duas camas e dormia lá. Eu dormia no berço que ficava no quarto dos meus pais. Dormia, porque quando fiz um ano minha mãe passou este berço para a sala. Assim eu dormia no berço na sala. As noites geralmente eram tranquilas. Meu pai trabalha na empresa que ficam em frente a nossa casa, depois da linha do trem que passa do outro lado. Os galpões desta empresa são tão compridos quanto a r...

AS COMPRAS NO ARMAZÉM - A empresa onde meu pai trabalha tem um armazém. Eh lá que meus pais faz as compras do mês. A gente vai com um carrinho de madeira para trazer as compras

11º CAPÍTULO - AS COMPRAS NO ARMAZÉM A empresa onde meu pai trabalha tem um armazém. Este armazém foi construído também na mesma época em que a empresa construiu as casas, a escola, a farmácia e o campo. Este armazém vende muitas coisas e só para os funcionários da empresa. Eh neste armazém que meus pais fazem as compras todos os meses. O que eles compram ali, a empresa desconta depois do salário do meu pai. Na nossa casa tem um balcão de madeira que a marcenaria da empresa onde meu pai trabalha fez para ele. Este balcão tem três divisões. Duas iguais e a outra eh a metade do tamanho de uma destas divisões. Eh neste balcão que meu pai coloca o arroz, o açúcar e o feijão que ele compra no armazém. Lá cabe certinho o que ele compra. Ele compra um saco de arroz de sessenta quilos, um saco de açúcar de sessenta quilos e trinta quilos de feijão. As outras coisas que ele compra, minha mãe coloca no armário de madeira feito também na marcenaria da empresa onde ele trabalha. A emp...

AS BANANAS - Por sorte minha, o dono do lugar onde comprei as bananas foi lá em casa levar as bananas que eu tinha esquecido, mas ainda assim minha mãe me bateu

15º CAPÍTULO - AS BANANAS Aqui em casa tem muitos pés de bananas. Elas ficam no terreiro e tem dois tipos de bananas. Meus irmãos dizem que são bananas caturra e banana prata. Os pés de banana prata só dão cachos quando estão bem altos e os de caturra quando chega na altura do muro já dão os cachos de bananas. Os pés daqui de casa tem cachos de bananas, mas estão todas verdes ainda. Por isso, minha mãe me pediu para ir ao verdureiro que fica na cidade para comprar bananas. Ela escreveu no papel que queria todo o dinheiro que estava comigo em bananas. Fui como sempre, andando devagar e com meu pneu velho de bicicleta que eu brincava de rodar pneu. A brincadeira era ir batendo neste pneu para ele ir rodando. Em quase todos os lugares que eu vou, sempre vou tocando pneu. Minha mãe às vezes não deixava eu ir com meu pneu, porque segundo ela, era o motivo porque eu levava uma eternidade para fazer alguma coisa. Mas fui comprar as bananas tocando meu pneu. Um bom tempo depois...

O PADRE QUE PASSAVA FILME NA PAREDE - Então fui até a copa, do outro lado da parede, para esperar o filme atravessar a parede e eu ver de perto.

18º CAPÍTULO - O PADRE QUE PASSAVA FILME NA PAREDE Aqui no bairro onde moramos não tem sala de cinema, mas na cidade tem. Mas no bairro tem um padre que passa filme na parede das casas dos moradores do bairro. Ele passa o filme sempre no sábado e quando ele pode. Já tinha ido em muitas casas passar o filme, mas aqui em casa ele nunca tinha vindo. E neste sábado meu pai avisou pra gente que ele viria passar o tal filme para nós. Quando o padre chegou já estava de noite. Ele chegou e já foi arrumando a sala para passar o filme. Prendeu um pano branco grande na parede da sala e depois ligou umas máquinas e começou a passar o filme. Nossa sala ficou cheia só com meus pais e meus irmãos. Eu estava lá vendo o padre montar tudo, mas quando foi para começar, vieram meus pais e meus irmãos e foram sentando no chão bem perto de onde estava passando o filme. Com isso foram me empurrando para trás e acabou que fiquei o mais longe de onde passava o filme, estava na porta do quart...

PULANDO DE CIMA DO MURO - Quebrei o pé, a perna e o braço. Meus irmãos falam toda hora que passam pela mesa onde eu durmo debaixo dela e me vêm lá: E ai, vai tentar voar de novo?

19º CAPÍTULO - PULANDO DE CIMA DO MURO Meu pai está arrumando o muro do terreiro aqui de casa. O caminhão da empresa onde ele trabalha trouxe areia para ele e despejou ao lado do portão de nossa casa. Ficou um monte alto de areia, quase da altura do muro. Meu pai foi levando a areia a medida que ia precisando. Eu estava debaixo da mesa junto com meu irmão, fazendo meu dever. Assim que terminamos meu irmão já saiu correndo para ir na rua. Fiquei guardando meu material em minha mochila que já esta um pouco rasgada no fundo por eu arrastá-la ao carregá-la para a escola. Depois que guardei meu material fui lá para fora também. Vi aquela areia, que só tinha um pequeno monte, pois meu pai já tinha levado a maior parte pra dentro de casa. Fiquei andando em cima de areia e achei legal o pé da gente afundar nela. Então achei que seria legal se eu pulasse de cima do muro no monte de areia. Meu pai estava dentro de casa arrumando o muro. Minha mãe também estava dentro de casa. A...

A PONTINHA E O JOGO DE MALHA - Eh muito arriscado passar por essa pontinha, ela não tem proteção dos lados e nem onde se segurar. As tábuas ficam se mexendo quando pisamos nelas.

24º CAPÍTULO - A PONTINHA E O JOGO DE MALLHA Meu pai gosta de jogar um jogo que se chama "Jogo de Malha". Eh um jogo parecido com boliche, onde a gente joga um contra outro, mas só tem um pino no centro de um círculo de cada lado. E o que eles jogam para derrubar este pino eh um disco redondo feito de ferro. Este disco que eles chamam de "malha". Quase todos os domingos meu pai vai até um bairro vizinho onde as pessoas que moram lá fizeram um campo para jogar malha. Para sair do nosso bairro e ir para este bairro vizinho a gente tem que ir na cidade ou passar por uma pontinha, que eles chamam de pontilhão. Essa pontinha esta em construção e são os moradores do nosso bairro que estão construindo com a ajuda da empresa onde meu pai trabalha. Ainda não colocaram o concreto para fazer a pontinha, nem tem a proteção dos lados, mas colocaram tábua para que as pessoas já pudessem atravessar. Eh muito arriscado passar ali, porque não tem onde segurar. Essa pont...

AS GALINHAS DE DOMINGO - Todos os domingos minha mãe faz galinha para o almoço. Meu pai corta a galinha em vinte pedaços, um para cada filho. Eu sempre fico com o pé da galinha

26º CAPÍTULO - AS GALINHAS DE DOMINGO Todos os domingos minha mãe faz galinha para o almoço. Temos aqui em casa um galinheiro onde meu pai cria galinhas. Elas são para nosso almoço de domingo. Meu pai eh quem pega a galinha, mata, depena e depois pica em pedaços. Ele sempre divide a galinha em vinte pedaços, porque tem que ser um pedaço para cada um de nós. O peito ele divide em dois pedaços e um pedaço eh dele e o outro da minha mãe. Tira também a parte com o ossinho de aposta. Assim ele vai picando a galinha. Tira a coxa e sobrecoxa, a asinha e a coxinha da asa. A costela ele divide em duas e o sobre também eh dividido em dois. Tem o pescoço, a moela, o fígado e o coração e claro, os pés. Os melhores pedaços vão sendo para os irmãos mais velhos. Assim meus pais ficam com o peito, o pedaço com as coxas e sobrecoxas ficam com meus quatro irmãos mais velhos. O próximo fica com o pedaço com o ossinho de aposta. Asas e coxinhas das asas com os quatro irmãos seguintes, o so...