Pular para o conteúdo principal

BRINCANDO COM O ARROZ, O AÇÚCAR E O FEIJÃO - Misturei o arroz com o açúcar e o feijão e quando minha mãe viu começou a chorar.




27º CAPÍTULO - BRINCANDO COM O ARROZ, AÇÚCAR E O FEIJÃO
Naquele balcão onde minha mãe guarda os sessenta quilos de arroz, os sessenta quilos de açúcar e os trinta quilos de feijão fica na copa, onde tem a mesa onde eu durmo em baixo. Muitas vezes meus irmãos e eu também, abrimos a tampa deste balcão, que eh uma tampa só para os três compartimentos, para pegar açúcar para comer. Claro, sem que minha mãe veja, pois ela não gosta que a gente mecha lá. Mas sempre que queremos comer alguma coisa doce, nós comemos açúcar. Quando o pé de tomate que tem plantado na horta aqui de casa tem tomates maduros, a gente apanha o tomate, parte ele no meio, come as sementes e depois enchemos de açúcar as duas bandas do tomate que partimos e comemos. Eh muito gostoso e fazemos isso sempre que tem tomates maduro nos pés daqui de casa. Eh melhor que doce. Estava deitado em minha cama debaixo da mesa e sem nada para fazer, olhando aquele balcão, quando resolvi ir comer açúcar. Abri a tampa do balcão com dificuldades, porque o balcão eh alto e a tampa que eh de madeira eh muito pesada, mas consegui. Comi açúcar e depois resolvi brincar ali mesmo. Como o balcão não estava muito cheio, tive que debruçar sobre ele para conseguir pegar o que queria. Então enchi a mão de feijão e enfiava a mão fechada o mais fundo possível no arroz e depois abria a mão para deixar os feijões o mais fundo possível. Depois enchi novamente e fazia a mesma coisa no açúcar. Fiz isso com quase todo o feijão. Só não fiz com todo o feijão porque minha mão não alcançava o fundo do balcão. Depois fiz a mesma coisa com o arroz jogando ele no açúcar. Eu enfiava a mão cheia de arroz o mais fundo que eu conseguia no açúcar e abria a mão para deixar o arroz o mais fundo possível no açúcar. Depois peguei açúcar e fiz a mesma coisa no arroz. 
Minha brincadeira era para que eu colocasse o que tinha em um compartimento no outro sem que ele aparecesse. Enquanto eu estava ali brincando meu irmão chegou na copa, me viu debruçado sobre o balcão e ao ver o que eu estava fazendo chamou minha mãe aos gritos. Eu assustei e olhei para ele e perguntei: o que foi? Nisto vieram outros irmãos meu e minha também. Meu irmão foi logo dizendo que eu tinha misturado tudo no balcão. Minha mãe olhou o balcão e começou a chorar. Minha mãe chorava e dizia o que ela iria fazer, que meu pai ia me matar. Meus irmãos ficaram dizendo que eu era retardado demais, que eu tinha que ir para o Pinéu mesmo e que eu estava perdido na hora que meu pai chegasse em casa. Depois de algum tempo minha mãe mais calma, ela e meus irmãos mais velhos peneiraram todo o açúcar tirando todo o arroz e o feijão que estavam nele. Depois peneiraram o arroz para tirar o açúcar e pegaram os feijões que ficaram no arroz peneirado. Minha mãe falou até em não contar para meu pai, com medo do que ele poderia fazer. Mas meus irmãos disseram que iam contar mesmo minha mãe pedindo para eles não falarem. Meus irmãos contaram para meu pai assim que chegaram, mas minha mãe disse que já tinha separado o que tinha misturado porque tinha sido pouco. Meu pai não fez nada comigo, mas quando passou por mim disse: Você não perde por esperar, você vai pagar por isso.

(O Último Filho) Baseado em fatos reais

Comentários

PÁGINAS MAIS VISTAS

EU E OS PASSARINHOS DO MEU PAI - Pensei que os passarinhos queriam sair da gaiola para dar uma volta. Então, abri a porta de todas as gaiolas e pedi que eles voltassem antes que meu pai chegue para o almoço

A PROMESSA - Minha história começou quando a empresa onde meu pai trabalha construiu uma capela em honra a Nossa Senhora da Conceição. Isso mesmo, quando uma capela foi construída

AS GALINHAS DE DOMINGO - Todos os domingos minha mãe faz galinha para o almoço. Meu pai corta a galinha em vinte pedaços, um para cada filho. Eu sempre fico com o pé da galinha

A TRAVESSIA - Eu não sei nadar. Meu irmão me colocou em seus ombros para atravessar o rio. No meio do rio começamos a afundar. Meu irmão conseguiu se salvar, mas eu não

AS COMPRAS NO ARMAZÉM - A empresa onde meu pai trabalha tem um armazém. Eh lá que meus pais faz as compras do mês. A gente vai com um carrinho de madeira para trazer as compras

O CASTIGO DE ANIVERSÁRIO - Minha mãe me pôs de castigo, meu pai não falou nada e meu irmão não conversa comigo

VENDEDOR DE PICOLÉS - Peguei o carrinho com cinquenta picolés e fui para nosso bairro tentar vender lá. Parei em frente a nossa casa. Meus irmãos ficaram perguntando o que eu fazia ali. Eu dizia que estava vendendo picolé e se algum deles quisesse teria que pagar

A GALINHA, OS PINTINHOS, A JABUTICABEIRA E O FLAMBOYANT - Meu pai tem um galinheiro com um monte de galinhas e vários pintinhos. A jabuticabeira está do meu tamanho e o Flamboyant da altura do muro

O FILHO CAÇULA - Ser o filho caçula tem lá suas vantagens. Recebem mais atenção dos pais, dos tios e avôs. Obviamente recebem mais presentes e de mais pessoas. Mas não numa família de 18 irmãos

ENGRAXANDO SAPATOS - Eu ia para a cidade e ficava no cruzamento das duas principais ruas, porque ali passava a maioria das pessoas a pé. Muitos que queriam engraxar os sapatos não acreditavam que eu seria capaz de engraxar os sapatos deles direito