Pular para o conteúdo principal

EU, MEU IRMÃO E MINHA BICICLETA PEUGEOT - Minha primeira bicicleta, minha mesmo, foi uma Peugeot francesa, de freio contra-pedal. Esta eu comprei com o salário de meu primeiro trabalho, sem que necessitasse da ajudada financeira do meu pai. Era estranho procurar os freios nas mãos e só obtê-los tocando o pedal para trás. Freios assim eram comuns em bicicletas de carga. Aquelas usadas nos armazéns, para fazer as entregas dos clientes




EU, MEU IRMÃO E MINHA BICICLETA PEUGEOT

Minha primeira bicicleta, minha mesmo, foi uma Peugeot francesa de freio contra-pedal. Esta eu comprei com o salário de meu primeiro trabalho, sem que necessitasse da ajudada financeira do meu pai.
Era estranho procurar os freios nas mãos e só obtê-los tocando o pedal para trás.
Freios assim eram comuns em bicicletas de carga. Aquelas usadas nos armazéns, para fazer as entregas dos clientes.
Além do freio contra-pedal, esta minha bicicleta Peugeot era muito alta em relação as bicicletas com às quais estava acostumado.
Resultado. Acabei sofrendo alguns tombos, ao procurar os freios no guidom e quando me lembrava que era no pedal era tarde demais.
Em minhas muitas quedas na minha Peugeot, quebrei os braços algumas vezes, clavícula, pulso, pé, ombro, dedos e uma vez a perna. Claro que não foi tudo de uma vez. Minha história com a Peugeot foi marcada por muitos ferimentos e ossos quebrados, mas não foi devido a isto que minha Peugeot marcou minha vida, enquanto esteve comigo. 
O mais legal e o que a tornou inesquecível foi quando decidi ir com minha bicicleta de minha cidade, Newark em New Jersey até o Liberty State Park em Jersey City. São 11 milhas, aproximadamente 19 km.
Estava decidido a fazer isto e chamei meu irmão para para estedesafio. Quatro amigos meu ao saberem desta "aventura" disseram que não ficariam de fora deste desafio e iriam conosco.
Assim, numa manhã de sábado ensolarado, fomos os seis pedalando com destino ao Liberty State Park.
Na véspera da viagem, havia preparado um bom lanche para mim e meu irmão, porque seria impossível fazer uma pedalada desta sem algo para comer na viagem, Isto sem falar no reforçado café da manhã que tomamos antes da partida.
Com paisagens deslumbrantes que só Newark tem, fomos pela 21 admirando cada detalhe de beleza rara, que passando de carro nunca percebemos. Pouco tempo depois, pegamos a rodovia 78 que nos levaria até as proximidades do nosso destino.
Não foi uma pedalada fácil, mas estávamos decididos. Algumas paradas rápidas para um descanso e de volta a rodovia.
E não eh que foi até rápido! Chegamos ao Liberty State Park. Foi impossível mão comemorar. O local eh simplesmente espetacular. Parece um refúgio para se esconder da vida que acontece todos os dias, onde a vida só acontece, sem motivos e nem objetivos, sem razão nem porque, sem inicio meio ou fim.
E não eh que encontro ali uma pessoa de minha cidade. Pessoa esta que conhecia minha família. Claro, ficamos conversando um tempo, falando daquela nossa aventura, enquanto meus amigos, que não havia trago lanche algum, e meu irmão, estavam saboreando os lanches que eu tinha feito para aquela viagem. Afinal estávamos cansados e com fome. Uma pedalada longa desta consome muita energia.
Depois que me despedi da tal pessoa de minha cidade e fui lanchar, para minha surpresa, não deixaram lanche algum. Comeram todos.
Resultado. Meus amigos saciados, meu irmão idem, eu com fome e sem muita energia, e precisávamos voltar.
Sem dinheiro, tive que encarar a viagem de volta a Newark com a o que restava de forças. 
Depois de um bom descanso, partimos de volta a Newark.
No início tudo ia muito bem, brincadeiras, contando casos, fazendo piadas e rindo muito. Mas fui ficando para trás porque já não conseguia acompanhar meus amigos. Meu irmão foi o único que se manteve pedalando ao meu lado.
A volta parecia longa demais. Não conseguia visualizar meus amigos em nenhum momento da pedalada. Já não tinha força mais para pedalar e então parei. Parei e deitei às margens da rodovia. Não conseguia sequer ficar de pé. Tinha perdido todas as forças. Só conseguia mesmo respirar. 
Com algumas moedas que tinha no bolso, pedi ao meu irmão para encontrar um local e comprar um refrigerante. Açúcar fornece energia rapidamente, embora dure pouco tempo, mas seria suficiente para eu tentar chegar em casa.
E assim, meu irmão encontrou o comércio onde comprou um refrigerante. Encontrou-me deitado no mesmo local, nem sequer havia me deslocado dali, tamanha falta de energia no corpo. Tomei o refrigerante e poucos minutos depois já estava de volta à rodovia pedalando.
Chegamos em nossa casa a tardinha e os vizinhos, preocupados com nossa demora, disseram que nossos amigos tinham chegado umas três horas antes.
Depois desta aventura inesquecível, dei a bicicleta para meu irmão e nunca mais tive outra bicicleta. Não que eu não pudesse ter ou mesmo quisesse ter, mas porque descobri que andar de bicicleta eh apenas uma fase na vida, que passa, vai embora e não volta mais. Ou talvez volte, quando em numa certa idade os médicos lhe recomenda andar de bicicleta. 

Mas por enquanto, fica somente esta aventura que vivi com minha bicicleta Peugeot e meu irmão, neste passeio de Newark até o Liberty State Park.

O Último Filho (Baseado em fatos reais)

Comentários

PÁGINAS MAIS VISTAS

EU E OS PASSARINHOS DO MEU PAI - Pensei que os passarinhos queriam sair da gaiola para dar uma volta. Então, abri a porta de todas as gaiolas e pedi que eles voltassem antes que meu pai chegue para o almoço

A PROMESSA - Minha história começou quando a empresa onde meu pai trabalha construiu uma capela em honra a Nossa Senhora da Conceição. Isso mesmo, quando uma capela foi construída

AS GALINHAS DE DOMINGO - Todos os domingos minha mãe faz galinha para o almoço. Meu pai corta a galinha em vinte pedaços, um para cada filho. Eu sempre fico com o pé da galinha

A TRAVESSIA - Eu não sei nadar. Meu irmão me colocou em seus ombros para atravessar o rio. No meio do rio começamos a afundar. Meu irmão conseguiu se salvar, mas eu não

AS COMPRAS NO ARMAZÉM - A empresa onde meu pai trabalha tem um armazém. Eh lá que meus pais faz as compras do mês. A gente vai com um carrinho de madeira para trazer as compras

O CASTIGO DE ANIVERSÁRIO - Minha mãe me pôs de castigo, meu pai não falou nada e meu irmão não conversa comigo

VENDEDOR DE PICOLÉS - Peguei o carrinho com cinquenta picolés e fui para nosso bairro tentar vender lá. Parei em frente a nossa casa. Meus irmãos ficaram perguntando o que eu fazia ali. Eu dizia que estava vendendo picolé e se algum deles quisesse teria que pagar

A GALINHA, OS PINTINHOS, A JABUTICABEIRA E O FLAMBOYANT - Meu pai tem um galinheiro com um monte de galinhas e vários pintinhos. A jabuticabeira está do meu tamanho e o Flamboyant da altura do muro

O FILHO CAÇULA - Ser o filho caçula tem lá suas vantagens. Recebem mais atenção dos pais, dos tios e avôs. Obviamente recebem mais presentes e de mais pessoas. Mas não numa família de 18 irmãos

ENGRAXANDO SAPATOS - Eu ia para a cidade e ficava no cruzamento das duas principais ruas, porque ali passava a maioria das pessoas a pé. Muitos que queriam engraxar os sapatos não acreditavam que eu seria capaz de engraxar os sapatos deles direito